Desde que, há muitos anos atrás, descobrimos que esta ilha existia que sempre dissemos que, se um dia pudéssemos, iríamos visitar a ilha da Páscoa. E eis que chegou o dia de explorar este lugar remoto perdido no sudeste do oceano Pacífico.
Deixámos para trás Santiago do Chile numa manhã de denso nevoeiro e rumámos para oeste a bordo de um voo da LAN Chile em direcção ao aeroporto de Mataveri. Este território, anexado pelo Chile em 1888 foi há muitos séculos atrás o ponto mais oriental até onde a civilização Polinésia se deslocou e se estabeleceu. Desde 1995 esta ilha foi declarada património mundial por parte da UNESCO devido às famosas estátuas de nome Moai, erigidas pelos habitantes de Rapa Nui, a designação dada pela civilização de origem Polinésia que colonizou este território remoto. E quando olhamos para o mapa no avião percebemos que nos dirigimos para um local extremamente isolado do resto do mundo. O território habitado mais próximo, a ilha de Pitcairn, situa-se a mais de 2000 km e o Chile continental a mais de 3500 km. É realmente no meio do nada que encontramos esta ilha mítica.
E é com aquela sensação de que chegámos a um ilha perdida, tipo a da série Lost, que desembarcamos do Boeing 767 a pé pela placa do aeroporto até a uma aerogare minúscula típica de um destino tropical. Após passar a alfandega uma grande azáfama entre turistas que chegam e residentes deste território insular procurando a sua boleia. Como bom local tropical tudo é fácil. Alugámos um jipe em poucos minutos sem muita papelada, pegámos num mapa e saímos de imediato à descoberta dos Moai! Para visitar certas zonas de maior interesse temos de pagar um passe cuja a receita reverte a favor da preservação do Parque Nacional de Rapa Nui.
Desembarque no aeroporto de Mataveri
Aerogare do aeroporto
A vegetação é tipicamente tropical, apesar da forte desflorestação que contribuiu para o declínio da civilização que estabeleceu na ilha de Rapa Nui e que se verificava já aquando da chegada dos primeiros europeus em meados do século XVIII. No ar sente-se um cheiro que é um misto de terra molhada e maresia. Não há muito carros e não há prédios. Tudo parece calmo e ninguém parece correr para lado nenhum. Ao comprar os bilhetes para o parque nacional dão-nos um folheto com alguma informação sobre a ilha e sobre as suas estátuas.
Parque Nacional de Rapa Nui
O jipe :)
O nome "ocidental" da ilha deve-se ao facto de o primeiro Europeu de que há registo a chegar a este território o ter feito num domingo de Páscoa. O navegador holandês Jacob Roggeveen chegou à ilha, segundo reza a história a 5 de Abril de 1772. No mesmo folheto lemos que o nome Polinésio "Rapa Nui" significa "Grande Rapa" devido à sua semelhança topográfica com a ilha de Rapa no grupo Austral da Polinésia. Há no entanto alguma controvérsia em redor deste nome de origem Polinésia. Para nós pouco importa. Sentimos que estamos num local especial e há que explorar que o tempo é curto. Bem vistas as coisas estamos a tentar dar a volta ao mundo em apenas 24 dias.
Aldeia cerimonial de Orongo com o Motu Nui ao fundo
Continuámos então em busca das famosas estátuas, os Moai, que até hoje procuram uma explicação para a sua existência. Vários estudiosos desenvolveram, ao longo dos anos, teorias para tentar explicar esta tradição mas ao certo ninguém sabe realmente o que significavam para os habitantes de Rapa Nui. Este facto confere ainda mais aquela aura de mistério a este local. A ilha não tem qualquer rio e a única fonte de água doce são os lagos em crateras do vulcão Terevaka.
Cratera do vulcão Rano Kao
Olhando para o mapa percebemos que a ilha tem uma forma triangular e a paisagem é marcada por três vulcões extintos, sendo que, como acontece em muitas outras ilhas vulcânicas o topo de uma grande montanha sub-aquática com mais de 2000 metros. Passados poucos minutos avistamos o primeiro Moai!
O primeiro Moai!
Apesar deste não fazer parte das estátuas mais famosas, por ser a primeira tirámos montes de fotografias. Estas incríveis monolíticas eram esculpidas a partir de rocha vulcânica de um local especifico que visitamos num dos lados de extinto vulcão Rano Raraku. Pensa-se que cada estátua demorava mais de um ano a esculpir.
Moais em Rano Raraku
Rano Raraku
Moai

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Vista de Rano Raraku
Mais um Moai do conjunto de Rano Raraku
Rano Raraku é onde podemos ver a maior concentração de Moais
Descobrimos que a maioria das estátuas se encontrava tombada no inicio de século XX. As primeiras a serem reerguidas foram as da praia de Anakena em 1958. Para nós um dos locais mais bonitos em termos de paisagem devido ao conjunto dos Moai, a areia dourada e o azul do oceano Pacífico como pano de fundo fazendo deste local um verdadeiro postal. Esta é uma das poucas praias de areia da ilha, já que a maioria da costa é rochosa. A grande maioria dos conjuntos de Moai está de costas para o oceano à excepção do conjunto que pudemos ver em Ahu Akiv. Já agora a palavra Ahu significa local cerimonial nas línguas da Polinésia onde no caso da ilha da Páscoa onde eram colocados os Moai.
Conjunto de Moais da praia de Anakena
Faltam algumas estátuas neste conjunto
Moais
Como em quase todos os Ahu, os Moai estão virados para o interior da ilha
Praia de Anakena
Uma praia com excelentes condições
Seguimos para Ahu Tongariki onde encontramos as 15 estátuas (Moai) que são provavelmente as que mais vezes vemos em fotografias sobre a ilha da Páscoa. Vimos na placa explicativa que se encontra no local que estas se encontravam tombadas e foram escavadas e restauradas nos anos 90 do século passado. E ainda bem que o fizeram. O sítio é espectacular e as estátuas são todas diferentes e estão perfeitamente alinhadas.
Ahu Tongariki
Trabalhos nos anos 90 com o apoio de uma empresa Japonesa
As estátuas de Ahu Tongariki
As 15 estátuas de Tongariki
Outra das atracções da ilha são as gravuras esculpidas em pedra e que representam figuras religiosas, de pessoas ou de eventos passados. Constituem uma das mais vastas colecções de toda a Polinésia e podem ser vistas em diversos locais da ilha.
Petróglifo
Numa das paragens adquirimos a um artesão local um pequeno Moai esculpido em pedra vulcânica e que vamos guardar como recordação da nossa passagem por esta ilha. Estar junto das estátuas é realmente difícil de descrever. Vimos tantas vezes na internet e na televisão, mas estarmos bem perto a escassos metros é bem diferente!
Com o anoitecer foi tempo de rumar à cidade de Hanga Roa, principal localidade da ilha. Uma pequena cidade com cerca de 3000 habitantes - a grande maioria dos habitantes da ilha. Encontramos uma cidade simpática, calma, sem grandes confusões e com uma verdadeira atmosfera tropical. Depois de para para ver um magnifico pôr-do-sol era tempo para jantar. À boa maneira chilena a oferta é variada e comemos uma boa refeição de peixe. Afinal de contas estamos no meio do Oceano Pacífico.
Próxima paragem: Tahiti!
Boeing 767 da LAN Chile