02 julho 2014

Destino Bora Bora!

Por estas latitudes parece ser mais fácil acordar. Se calhar o facto de estarmos na Polinésia Francesa também ajuda! Acordámos cedo para arrumar tudo e tomar o pequeno-almoço. Depois decidimos dar um passeio de despedida pela praia antes de fazer o check-out no hotel. Chegámos à recepção acertámos a conta e pedimos um táxi para o aeroporto, coisa que já fizemos em muitas partes do mundo e que não parece ter grande história. No entanto, o que começou por ser uma manhã calma e com tudo feito com tempo, quase se transformou num episódio em perderíamos o avião! O táxi tardava em aparecer e o hotel ficava numa zona já fora da cidade. Foi-nos explicado que o táxi tinha de vir de Papeete e que poderia demorar um pouco. Mas não foi um pouco que demorou. Foi muito! OK, se calhar não foi assim tanto, mas quando se está atrasado para apanhar um voo para continuar uma viagem de cerca de um mês à volta do mundo, perder um voo iria fazer-nos perder tempo precioso. Depois de esperar mais um pouco lá apareceu o táxi e lá fomos para o aeroporto de Faa'a. Felizmente, acabámos por chegar ainda a tempo de fazer o check-in e seguir viagem.

 Amanhecer em Tahiti


Voo Air Tahiti para Bora Bora via Moorea


À nossa espera estava um ATR da Air Tahiti, avião a hélice que nos iria levar a Bora Bora. Embarcámos pacatamente e já a bordo assistimos a um episódio insólito. Um casal de italianos pega-se em acesa discussão como uma outra família de italianos. Não percebemos bem o motivo mas foi uma discussão que não chegou a vias de facto e ainda bem. A hospedeira lá os meteu na ordem e o voo pode prosseguir. Como amantes da aeronáutica, marcámos propositadamente o voo de Papeete para Bora Bora com uma escala na ilha de Moorea. Há alguns voos directos ao mesmo preço, mas assim sempre é mais uma descolagem e aterragem e uma hipótese de ver do ar mais uma ilha deste arquipélago. O voo de Tahiti para a ilha vizinha de Moorea é daqueles que nem vale a pena desligar o sinal de desapertar os cintos. Em poucos minutos avistámos o recife de coral à volta da ilha e o aeroporto que fica mesmo ao pé do mar. Deixámos alguns turistas e rapidamente estávamos de volta à pista para rumar a Bora Bora. Voltámos a olhar para Moorea. Tem muito bom aspecto. Pena não podermos estar sempre de férias. Mas ficou de baixo de olho!

Em aproximação à pista de Moorea


Moorea


Aerogare do aeroporto de Moorea


Pouco depois de servirem uns sumos começamos a descer e passado mais alguns minutos, eis que surge no horizonte a ilha de Bora Bora!! E vista do ar é ainda mais bonita do que naquelas fotografias cheias de Photoshop. É real e a três dimensões e a lagoa tem cores incríveis. Fazemos a aproximação ao atol onde se localiza a pista e aterramos no paraíso!

Antes da viagem lemos um pouco sobre a história desta ilha. Bora Bora integra o arquipélago das ilhas da Sociedade e o sub-grupo das ilhas do sotavento a cerca de 230 Km a noroeste de Tahiti. A ilha é circundada por uma barreira de coral que forma a famosa lagoa de Bora Bora que a rodeia por completo. A parte rochosa da ilha é composta no centro por um vulcão extinto que formou dois picos: o monte Pahia e o monte Otemanu, sendo este último a maior elevação da ilha com 727 metros de altura. De acordo com um dos últimos censos, vivem nesta ilha Polinésia, 8880 habitantes. Este local do pacífico sul é habitado pelo menos desde o século IV a.C. por povos Polinésios. Já no século XVIII, Jakob Roggeveen em 1722 e mais tarde, em 1770 James Cook, foram os primeiros europeus a chegar até estas paragens. Ao longo de alguns séculos de presença Polinésia a ilha de Bora Bora foi um reino independente até que em 1888 a última rainha Teriimaevarua III foi forçada a abdicar pelos franceses que anexaram esta ilha à sua colónia ultramarina.

Já no século XX, no decorrer da 2a Guerra Mundial, os Estados Unidos estabeleceram em Bora Bora uma base aérea que funcionava como base de apoio no Pacífico Sul. Desses tempos muito pouco resta, sendo que o principal vestígio é a pista do aeroporto, que foi até à década de 60 do século passado, o único aeroporto internacional de toda a Polinésia Francesa. A base dos EUA foi fechada a 2 de Junho de 1946 e todos os militares e equipamentos foram retirados. Durante a guerra, perto de 7000 homens chegaram a estar destacados nesta ilha. De facto, de parvos os americanos não têm nada! Ainda é possível ver na ilha alguns canhões da 2a Guerra e nada mais desse período.

Depois da guerra a ilha virou-se exclusivamente para o turismo e atingiu a fama que hoje tem. Muito popular nos pacotes de lua-de-mel para noivos com mais possibilidades, a ilha e os seus mais de dez ilhéus, ou Motus, na língua local, assitiu a uma multiplicação de resorts de luxo. Actualmente, existem desde pequenas pensões e B&Bs até hotéis com preços só ao alcance de milionários. Mesmo, nesse segmento mais "barato" tem de se colocar a palavra entre aspas. Aqui tudo é caro devido ao isolamento. Os preços acabam também por funcionar como eco-taxa, limitando o acesso a multidões. Mas a pressão turistica é forte e será sempre um desafio para as autoridades locais. Um paraíso destes tem de ser preservado!

Saímos do avião e levamos com aquele calor tropical. É difícil escolher para onde olhar. As diversas cores da lagoa hipnotizam qualquer um. A aerogare é pequena e a azáfama é grande. Não há tapete para recolher as malas - tiram-se directamente do carrinho que as foi buscar ao avião numa espécie de exercício de Tetris. Muitos turistas seguem directamente do atol do aeroporto para os hotéis em barco privado do hotel. A maioria dos melhores hotéis não se localiza na ilha principal, mas sim em ilhéus privados (os motus) que circundam a ilha. Incluído no bilhete de avião está a viagem de barco do aeroporto para a capital da ilha: a pequena cidade de Vaitapé. Aliás, no atol do aeroporto não há mais nada para além do mesmo. Pegámos nas malas e entregámos à tripulação do barco ao serviço da Air Tahiti. Entrámos a bordo para o primeiro passeio de 15 minutos pelas águas da lagoa de Bora Bora. Continuámos a olhar para tudo. O verde da vegetação da ilha contrasta com o azul turquesa das águas. Chegando a Vaitapé desembarcámos e procurámos um táxi. Tínhamos lido que não há muitos e que é difícil apanhar um. Não há transportes públicos na ilha. É pequena e toda a gente se desloca a pé, de bicicleta, motorizada ou viatura própria. Tivemos sorte e estava apenas um táxi parado junto ao cais. Apressámos o passo e conseguimos. Fomos conduzidos por uma condutora até ao nosso hotel. Parece que por aqui, os táxis (os poucos que existem) estão entregues às mulheres. Percorremos a estrada que circunda a ilha e chegámos ao nosso hotel. Desde o primeiro instante somos muito bem tratados. Habituados aos clientes em lua-de-mel, tudo está pensado para uma estada inesquecível.

ATR da Air Tahiti em Bora Bora


Placa do aeroporto de Bora Bora


Barco ao serviço da Air Tahiti


Cais do aeroporto



Hotel


Tal como nas Maldivas, Bora Bora tem vários hotéis com a opção de ficar alojado num "overwater bungalow". Nunca tínhamos experimentado, pelo que resolvemos marcar. Fomos conduzidos à nossa "casa" sobre a água que habitaremos nos próximos dias! A vista de qualquer dos lados do bungalow é magnífica. O som da água embalada pela suave brisa da tarde, os peixes de várias cores e algumas raias que nadam nas águas cristalinas de um azul turquesa soberbo completam um postal memorável. Confirma-se, não há Photoshop nas fotografias promocionais. Não é necessário. Este é mesmo um destino de sonho! 

Agora é tempo de abrandar e descansar do ritmo acelerado de uma circum-navegação de 24 dias. Nos próximos dias a viagem continua em Bora Bora!!

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