29 junho 2014

Os Andes como pano de fundo

Apesar do frio temos tido sorte com o tempo. Nada de chuva o que é excelente para explorar a cidade. Decidimos continuar a descoberta com uma visita à casa de Pablo Neruda. Baptizada como o nome de "La Chascona", palavra de origem Quechua que significa "despenteada", a casa deve o seu nome a Matilde Urrutia, amante secreta do escritor chileno. Neruda manteve uma ligação amorosa com a ruiva Matilde durante vários anos, sendo ainda casado com a sua segunda mulher, facto que à época poucos tinham conhecimento. E foi precisamente nesta casa, aos pés do Cerro de San Cristóbal e que o poeta começou a construir em 1953, que Neruda deu largas à imaginação e à sua imensa paixão pelo mar e pelas viagens. A casa que nos dias de hoje é mantida pela Fundação Pablo Neruda, está repleta de objectos coleccionados  ao longo de anos de viagens e tem uma verdadeira atmosfera surreal difícil de descrever. É daqueles locais com algum magnetismo que nos levam a dizer: vão lá! Vejam com os próprios olhos. Para nos que partilhamos o gosto pela descoberta que só as viagens nos podem trazer foi um local que nos emocionou.
Vários anos mais tarde, Matilde viria a tornar-se a terceira esposa de Neruda e foi ela a responsável, após a morte do poeta em 1973, pela reconstrução de "La Chascona" danificada no golpe militar que haveria de levar Augusto Pinochet a poder.

La Chascona


Vista exterior


No interior da casa de Pablo Neruda


Pablo e Matilde


Da casa de Neruda decidimos rumar ao Cerro de San Cristóbal. Este "monte" que se localiza na cidade de Santiago oferece as mais magnificas vistas sobre a cidade e especialmente sobre a cidade e especialmente sobre a imponente cordilheira dos Andes. A forma mais fácil de subir ao Cerro é através do funicular. Depois de vencer uma pequena fila de espera, a viagem compensa. E muito!! A vista, como nos haviam recomendado é soberba e para além de uma visão 360' graus sobre a cidade, avistamos a imensidão daquele que é apenas um pedaço da maior cordilheira da América do Sul. Damos conta também do smog a que esta cidade localizada num imenso vale está sujeita em dias sem vento. O cume do Cerro de San Cristóbal é dominado pela enorme estátua de Nossa Senhora e tem igualmente uma pequena capela.

Llama


Vista sobre Santiago do Cerro de San Cristóbal


A cidade de Santiago

Santiago aos pés dos Andes

Estátua de N. Senhora


Depois desta subida rumámos ao Museu da Memória e dos Direitos Humanos. Objectivo: aprender mais sobre a história recente do Chile e dos anos negros da ditadura militar responsável por tantas atrocidades e crimes contra a Humanidade. Nota-se bem que esta questão ainda maca os chilenos e que ainda existem feridas por sarar. Mas para nós que éramos crianças de tenra idade à altura dos factos, este museu extremamente bem documentado com artefactos e multimédia, permitiu-nos realmente saber um poucos mais sobre os anos que se seguiram à queda de Allende e a ascensão ao poder de Pinochet. Uma experiência para estômagos fortes em alguns aspectos mas sem dúvida recomendada.

Museu da Memória e dos Direitos Humanos


A visita é demorada e os dias de Inverno curtos. Restou-nos tempo para ir espreitar o bairro Quinta Normal que deve o seu nome a um excelente parque urbano. Totalmente inesperado neste inicio gelado de noite foi um concerto gratuito de uma Dixie Band composta por jovens músicos e um espectáculo de luz e água que descobrimos no interior do parque.

Quinta Normal


Para terminar a noite demos um pulo ao Pátio Bellavista, um local moderno que dispõe de vários restaurantes e uma atmosfera muito cosmopolita. Amanhã será o dia de deixar Santiago. Ficamos com a sensação que apenas "esgravatámos" a superfície de uma cidade e de um país que tem muito para oferecer e acima de tudo para descobrir. 

Havemos de voltar. Certamente! 

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