28 junho 2014

Santiago do Chile

É tão estranho estarmos em Junho e e estar um frio de rachar! Para quem vem do hemisfério norte é realmente difícil de assimilar nas primeiras horas. Parece que o cérebro nos diz: espera, há aqui qualquer coisa que não bate certo :)

A capital deste longo país com mais de 17 de milhões de habitantes, situa-se num vale aos pés da cordilheira dos Andes. De qualquer lugar com vista desafogada podemos ver as grandes montanhas e os seus picos com neve.

Como primeira paragem na descoberta da cidade seleccionamos o Palácio de La Moneda, palco de acontecimentos marcantes na década de 70, altura do golpe de estado que marcou a transição de Salvador Allende para o ditador Augusto Pinochet. Allende, que anos antes formou o primeiro governo eleito democraticamente na América do Sul de ideologia Marxista (a via Chilena para o socialismo) em plena guerra fria, teve de enfrentar os sucessivos bloqueios norte-americanos e manobras da CIA. Desde a sua tomada de posse efectuaram esforços para lançar a economia chilena em depressão. O culminar desse curto período no poder surgiu a 11 de Setembro de 1973, durante o golpe militar liderado pelo general Pinochet, no decorrer do qual tanques do exercito e aviões da força aérea chilena bombardearam o Palácio de La Moneda causando danos severos no edifício onde se encontrava o ainda presidente Salvador Allende.
Após o famoso discurso emotivo na rádio Magallanes em que se dirigiu ao povo chileno reiterando o seu compromisso com o país e recusando renunciar ao cargo, o presidente Allende cometeu suicídio. Este facto, embora seja a versão oficial dos acontecimentos, permaneceu sempre envolto em controvérsia entre se o suicídio realmente aconteceu ou se por outro lado o então presidente foi assassinado pela junta militar. O que é certo é que se seguiram anos de terror durante o regime totalitário encabeçado por Augusto Pinochet. Apesar de danificado, o ditador deu ordens para a reconstrução do palácio que foi reinaugurado em Março de 1981.

Palácio de La Moneda


Estátua de Salvador Allende


Sendo ainda hoje um palácio em funcionamento, não podemos visitar mais que um pátio interior. Seja como for, não deixa de ser emocionante estar presente num local de relevo que marcou a história recente. Depois de visitar na praça da Constituição a estátua de Salvador Allende, seguimos o ruído que há muito se fazia ouvir nas ruas. Muitas bandeiras do Chile e muitos chilenos equipados apressavam-se para chegar ao centro. A razão para tudo isto? Era dia do jogo Chile-Brasil para os oitavos de final do campeonato do mundo. Como é natural as ruas e cafés estavam cheios de fervorosos adeptos chilenos que aqui e ali entoavam o característico grito de guerra: Chi-Chi-Chi-le-le-le viva-Chile!

Jogo Chile-Brasil


Equipados a rigor e a rigor e com bandeiras, muitas bandeiras, preparavam-se para ver o jogo. Juntámo-nos a eles e fomos até um café ver a partida. Ensaio o meu melhor Portunhol e peço (ou tento pedir) uma cerveja nacional. Venho a descobrir mais tarde que, não só me deram uma cerveja Argentina, como era caríssima! Para a próxima peço tudo em inglês :)
Depois há um golo e descobrimos que a TV do café tem um atraso considerável. Já se gritava contra o golo do David Luiz para o Brasil e ainda nós não tínhamos visto nada. Ao intervalo decidimos mudar de sítio. Vou a correr levantar pesos chilenos ao multibanco mais próximo para pagar a conta e mudar para a TV que mostrava primeiro os golos. Venho a descobrir dias mais tarde que esta parvoíce iria custar caro. Trouxe o dinheiro mas ficou lá na caixa multibanco o cartão! Enfim, nada que não se viesse a remediar, mas em viagem, tão longe de casa não dá jeito nenhum!
Lição: nem em todos os países o cartão sai primeiro e só depois o dinheiro como acontece em Portugal ...

Jogo de nervos, Alexis Sanchez empata para o Chile. No café onde viemos parar está um tipo doido que grita, dá pontapés nas coisas e atira-se para o chão. Começamos a temer pela nossa integridade física e resolvemos ir ver o prolongamento para outro lado. Finalmente, algum sossego para ver as grandes penalidades no meio de muitos chilenos esperançados. Mas a sorte caiu para o lado dos brasileiros e o sonho do Chile caiu por terra.

Após as emoções fortes do futebol, de volta ao turismo e à Plaza de Armas alma e coração da capital chilena. Actualmente, está a ser alvo de obras de melhoramentos, o que rouba algum do seu esplendor. De destacar nesta praça a Catedral de Santiago que é quase tão antiga como a fundação da cidade pelo conquistador Pedro Valdivia no século XVI.

Plaza de Armas


Precisamente para saber mais sobre a história pré e pós Europeia do Chile, a próxima paragem foi o Museu Nacional. Bastante detalhado notámos falto de pormenores sobre os tempos da ditadura e da história mais recente do Chile. Terminámos o dia com uma visita à estação de Mapocho, hoje em dia desactivada e convertida em centro cultural e ao mercado central que tal como hoje é moda em Lisboa tem também restaurante e tasquinhas. Para ir jantar usámos o excelente metropolitano da cidade e fomos até uma das sugestões do Trip Advisor: Del Cociñero. Não sendo demasiado caro, começamos a descobrir que no Chile se como muito bem (havia ceviche!) e os vinhos são bastante bons, ou não seja o Chile um grande exportador mundial.

Estação de Mapocho


Mercado Central de Santiago


Amanhã há muito mais para explorar nesta cidade aos pés dos Andes!

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